
Após semanas de críticas, reclamações de moradores e duas matérias publicadas pelo Ipiaú TV denunciando a lentidão e o acúmulo de processos no Cartório de Registro de Imóveis de Ipiaú, o interventor nomeado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Jerônimo Barbosa de Souza Neto, finalmente se pronunciou publicamente. A fala ocorreu somente nesta sexta-feira (05), durante entrevista ao radialista Norman Lúcio Teixeira Suárez, o Amarelinho, na Ipiaú FM, em um momento em que o clima de insatisfação já havia se espalhado entre advogados, corretores, empresários e usuários do serviço.
A intervenção foi instaurada após uma correição extraordinária do TJ-BA apontar falhas estruturais e administrativas no cartório, o que levou ao afastamento da antiga tabeliã e à nomeação de Jerônimo como responsável provisório. Entretanto, desde o início de sua gestão, relatos enviados ao Ipiaú TV indicam que a situação não melhorou. Pelo contrário: moradores reclamam de atraso em certidões, escrituras paradas, financiamentos travados e documentos represados desde julho, gerando prejuízos para o setor imobiliário e insegurança jurídica em transações que dependem do cartório.
Na entrevista, Jerônimo afirmou que a intervenção é legal, possui nomeação em Diário do Tribunal e que seu mandato inicial é de 90 dias, podendo ser prorrogado. Disse ainda que, ao assumir em setembro, encontrou um acúmulo de processos que já vinha de meses anteriores e que desde então estaria trabalhando para organizar a unidade. Ele declarou que comparece semanalmente ao cartório, mas não divulga sua agenda, justificando que prefere observar a rotina sem aviso prévio. Segundo ele, “tem semana que chega na segunda, outras na terça ou quarta”, afirmando ter estado no cartório nesta quinta-feira e que retornaria no mesmo dia da entrevista.
Jerônimo também afirmou que atende pessoalmente quem aguarda na recepção e que já recebeu representantes da CDL e diversos moradores. Sobre as críticas à estrutura física, respondeu dizendo que a mesma funciona “há mais de 30 anos” e que, se há necessidade de mudanças, isso será avaliado, mas não explicou por que usuários e advogados relatam aumento da dificuldade de acesso justamente durante a intervenção.
As falas, porém, não convenceram parte dos profissionais e usuários que acompanham o caso. Advogados relatam que há restrições ao exercício das prerrogativas, mencionando que o atendimento estaria sendo feito em uma sala extremamente pequena, dificultando consultas e procedimentos. Corretores afirmam ter negócios parados há semanas, enquanto moradores apontam que certidões essenciais continuam sem movimentação. Relatos enviados ao Ipiaú TV também afirmam que existe uma diferença entre o que é dito publicamente e o que acontece no dia a dia do cartório, com processos sem histórico, falta de respostas e ausência de prazos claros para conclusão dos serviços.
O descontentamento aumentou especialmente depois das reportagens publicadas pelo Ipiaú TV, que destacaram a falta de avanço concreto desde o início da intervenção, o acúmulo histórico não resolvido e os impactos diretos na economia local. A pressão de advogados, empresários, compradores de imóveis e cidadãos que dependem do cartório para regularizações intensificou o debate, levando ao pronunciamento do interventor apenas agora, após forte repercussão e questionamentos públicos.
Mesmo com a entrevista, muitos usuários afirmam que a fala não apresentou soluções imediatas nem cronograma claro para a normalização dos serviços. A percepção geral é de que a intervenção, que deveria trazer organização e agilidade, acabou ampliando as incertezas. Diante disso, cresce a expectativa por um posicionamento do Tribunal de Justiça da Bahia sobre os próximos passos, uma vez que a situação já ultrapassa a esfera administrativa e afeta diretamente contratos, financiamentos, escrituras, investimentos e a rotina econômica de Ipiaú.
A população aguarda que o Tribunal avalie os relatos, acompanhe a execução da intervenção e garanta condições adequadas de funcionamento, transparência e cumprimento dos prazos legais. Enquanto isso, a pressão da sociedade permanece, e o Ipiaú TV segue monitorando cada desdobramento para manter a comunidade informada com imparcialidade e responsabilidade. * Redação Ipiaú TV