
A intervenção determinada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) no Cartório de Registro de Imóveis de Ipiaú continua causando grande repercussão na cidade. A medida foi aplicada após correição extraordinária que identificou irregularidades estruturais e administrativas, levando ao afastamento da antiga tabeliã e à nomeação do tabelião Jerônimo Barbosa de Souza Neto, oriundo da cidade de Nilo Peçanha, para conduzir a unidade temporariamente. ( Relembre )
O relatório da inspeção apontou falhas em itens considerados básicos para o funcionamento de um cartório, como desorganização de documentos, falta de acessibilidade, ausência de equipamentos adequados, lentidão em registros, além de respostas pendentes a órgãos públicos. O TJ-BA determinou a intervenção justamente para restabelecer a normalidade — mas, até o momento, os relatos de usuários mostram que a situação está longe disso.
Gestão presencial considerada insuficiente por usuários
De acordo com relatos enviados ao Ipiaú TV, o atual interventor teria informado que compareceria semanalmente ao cartório, mas usuários afirmam que essa rotina não vem sendo cumprida. Há relatos também de que, na semana em que esteve presente, o atendimento teria se concentrado em demandas do prefeito de Barra do Rocha, enquanto dezenas de moradores aguardavam por serviços represados.
Como consequência, certidões, matrículas, registros e averbações seguem acumulados, deixando cidadãos, investidores, instituições financeiras e corretores em situação de total incerteza.
Serviços travados e prejuízos em cadeia
A demora tem afetado diretamente:
- emissão de certidões de matrícula;
- registro de escrituras e contratos;
- abertura e atualização de matrículas;
- processos de usucapião extrajudicial;
- respostas a ofícios públicos.
Há moradores aguardando há mais de três meses pela conclusão de documentos básicos ligados à compra e venda de imóveis. Corretores relatam clientes desistindo de negócios, financiamentos travados e comissões que não podem ser recebidas porque nada avança sem o cartório.
Profissionais do setor afirmam que nunca presenciaram tamanho nível de retenção nos processos.
Reflexos para a Prefeitura e para a economia local
A situação também afeta o poder público:
- ITBI atrasado: sem registro, não há arrecadação;
- IPTU comprometido: matrículas desatualizadas prejudicam o cadastro imobiliário;
- planejamento urbano travado: loteamentos e regularizações não avançam;
- convênios e obras: dependem de certidões e matrículas atualizadas.
A paralisação atinge diretamente famílias, profissionais e toda a dinâmica de desenvolvimento urbano.
Insatisfação aumenta e moradores cobram responsabilidade
O tom dos relatos enviados ao Ipiaú TV é de indignação. Muitos afirmam que o atual interventor precisa garantir presença efetiva na unidade e assumir o compromisso de normalizar os serviços, conforme estabelece a própria intervenção do TJ-BA.
Corretores dizem estar sem receber, famílias aguardam o sonho da casa própria e diversos processos permanecem parados — situação que, segundo os usuários, exige uma postura mais ativa por parte da atual administração do cartório.
Moradores reforçam que não pedem nenhum favor: pedem apenas que o cartório funcione com regularidade, transparência, eficiência e respeito aos prazos, como determina a lei.
* Redação Ipiaú TV