Ourbanista ipiauense arq. Elson Andrade, nos traz nessa edição, um importante destaque, digno de comemoração – a atuação técnica-administrativaisenta – do negro e jequieense Ailton dos Santos, diretor do Banco Central, no escandaloso caso do Banco Master.
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é sem dúvidas, uma data de grande relevância histórica, política e cultural, (sob o ponto de vista da Dignidade da Pessoa Humana) e que nos convida fazer uma reflexão crítica, sobre o que de fato temos a celebrar, e, refletir sobre diversos aspectos da história e da luta da população negra no Brasil.
Responda com toda sinceridade, no Brasil em 2025, o que vemos a população comemorando, e que seja de fato importante de se considerar e dar o devido destaque nesse dia? Pois bem, esta semana aconteceu um fato histórico, comunicado relevante, como diriam os operadores do Mercado Financeiro… Trata-se da Liquidação Extrajudicial do Banco Master.
Para, para!
Para tudo… o que tem haver a liquidação de um banco com as comemorações do dia da Consciência Negra no Brasil?
É que sim, foi ele -Ailton Aquino dos Santos – homem negro, jequieense, o Diretor de Fiscalização do Banco Central do Brasil (BC), primeiro negro a ocupar o cargo, o qual já vem exercendo com retidão e zelo, desde julho de 2023. Seu papel tem sido crucial na condução da equipe de estabilidade e a integridade do sistema financeiro nacional, do BC. Sua relevância pode ser vista em duas dimensões principais: sua função técnica e seu significado simbólico como homem negro, baiano, vindo de origem humilde.
O papel técnico: Diretor de Fiscalização
Como Diretor de Fiscalização, Ailton Santos e sua equipe, têm as seguintes responsabilidades e atribuições:
- Fiscalização e supervisão: É responsável por supervisionar todas as 14.947 instituições financeiras e cooperativas de crédito, além das mais de 120 administradoras de consórcios que operam no país. O objetivo é garantir que essas entidades sigam as normas e regulamentações estabelecidas pelo Banco Central.
- Gestão de riscos: Lida com a avaliação e o gerenciamento dos riscos no sistema financeiro, monitorando a liquidez e a solidez das instituições para prevenir crises e garantir a proteção dos clientes.
- Defesa da solidez do sistema financeiro: Sua atuação garante a estabilidade do sistema e protege os consumidores, como evidenciado em sua audiência no Senado, onde defendeu a robustez do sistema financeiro brasileiro.
A relevância simbólica efetiva aos negros e aos jequieense em geral
A nomeação de Ailton Santos, um servidor de carreira que ascendeu ao cargo mais alto da autarquia, tem um grande significado simbólico, não apenas por ser negro, mas, mais que isso, por sua competência, nível de conhecimento e sólida formação. Ailton não ascendeu ao cargo por apadrinhamento político, por acordo com deputados da base aliada, por cota racial, de gênero ou índice de pobreza…
Diferentemente, de muitos outros diretores a ocupar cargo no BC. BC, que tem a fama de ser uma porta giratória da Faria Lima para Brasília/BC e do BC para a Faria Lima/SP. E portanto, ao longo dos anos, desde a noite de 31 de dezembro de 1964, quando o Banco Central do Brasil foi criado pela lei 4.595/64, pelo regime militar, em atendimento a um sistema de contabilidade pública e monetária, alinhada com o sistema monetário internacional “sugerido” por Washinton, não se ver ações de tamanho impacto e gravidade, e, pulsos tão firmes apoiados na técnica e imparcialidade. Fato digno de deixar a ipiauense mulher negra, a vereadora Mônica Souza aos prantos, por horas.
- Representatividade histórica: Ele é o primeiro homem negro a ocupar uma diretoria do Banco Central na história do Brasil, um marco importante na busca por mais diversidade nas posições de liderança econômica do país. Fato este, que deixa um recado claro de esperança aos negros e pobres jequieense em geral, de que sim, é possível, ascender na vida via estudos e não correndo atrás de políticos, e políticas assistencialistas e falsasbandeiras de preferência cotista impositiva estatal fugaz.
- Inspiração e inclusão: Sua trajetória como um baiano de Jequié, formado em instituição pública de ensino, representa uma história de superação e serve de inspiração para a inclusão de pessoas de diversas origens em cargos de alta relevância.
- Importância da educação pública (efetiva): Em entrevistas, Santos destacou que sua formação em uma universidade pública foi fundamental para seu sucesso profissional, ressaltando o valor da educação acessível. Lembrando que não é a faculdade que lhe faz, mas sim, é você quem faz a faculdade. É verdade que hoje temos percentualmente, muito mais filhos de Ipiaú ocupando altos cargos, país a fora, e até no exterior, egressos da saudosaEscola ipiauense – Sagrada Família (famosa escola das freiras), mas também aqueles que hoje estão nos colégios estaduais da região, ali não vão por causa dos R$ 200 do Pé-de-Meia, mas sim, por acreditarem num futuro próspero fruto do seu suor e não de prerrogativas jurídico-eleitorais.]
Relevância, importância e Esperança
Em suma, Ailton Santos é relevante tanto por sua função técnica, que garante a solidez e a fiscalização do sistema financeiro nacional, quanto por sua importância simbólica, a comunidade negra, representando um avanço histórico na diversidade e inclusão socioeconômica dos negros, em posições de alto poder na República Federativa do Brasil.
Neste 20 de novembro de 2025, sim, temos o que comemorar e aplaudir de pé o nobre e ilustre jequieense o Sr. Dr. Ailton Aquino dos Santos. A quem mais uma vez, os brasileiros (oprimidos pelo perverso e insensível sistema financeiro explorador dominante) nós, os pretos, pardos, amarelos e brancos, (todos) o aplaudimos de pé nesse histórico dia.
Parabéns a todos os(as) brasileiros(as) negros(as) neste 20 de novembro,pelas conquistas cada vez maiores, sejapelo espaço socioeconômico, e/ou, via mérito, dedicação e exemplos, pessoais.
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Elson Andrade –é arquiteto, urbanista, empresário e pós graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp.