
A sessão ordinária desta quinta-feira (16) na Câmara Municipal de Ipiaú foi marcada por tensão e cobranças diretas. A vereadora Mônica Souza (PT) fez um discurso firme ao comentar a polêmica envolvendo uma nota fiscal de R$ 10.068,90, referente à compra de gêneros alimentícios pela Casa Legislativa — o que levou seis vereadores a pedirem formalmente explicações à Mesa Diretora.
Em resposta à recente entrevista do presidente Edson Marques à rádio Ipiaú FM, Mônica rebateu as declarações do colega e criticou a tentativa de transformar o debate em disputa política.
“Não foi motim político, como disseram alguns sites. Foi um pedido de esclarecimento legítimo. Tenho o dever de dar satisfação a quem confiou o voto em mim”, afirmou a parlamentar.
A vereadora também confrontou diretamente as justificativas apresentadas por Marques no programa de rádio. Segundo ela, as informações divulgadas não coincidem com os dados disponíveis no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
“O presidente disse que houve glosa, mas não consta em nenhum processo nem no TCM. Eu tenho as notas e provo. Houve pagamento total antes de receber todos os produtos”, declarou.
Mônica ainda questionou a suposta falha de um servidor, usada como explicação para o ocorrido.
“Disseram que foi erro de servidor. E qual foi o procedimento tomado? A corda sempre arrebenta pro lado mais fraco. Se o servidor fez, foi porque alguém autorizou”, disparou.
Entre os pontos mais incisivos do discurso, a vereadora destacou o caso dos 3.750 ovos comprados pela Câmara, de acordo com a nota fiscal analisada.
“Foram 125 bandejas de 30 ovos cada, compradas entre março e maio. O que foi feito com todos esses ovos? É só isso que queremos saber”, questionou Mônica, reforçando que as notas de recebimento confirmam a entrega de todo o material.
A vereadora também criticou a justificativa do presidente sobre o uso dos alimentos para funcionários da Casa.
“Ele disse que compra porque muitos vão trabalhar sem tomar café. Mas se é pra ajudar, que tire do próprio bolso. Dinheiro público tem destinação específica. Tem gente passando fome lá fora”, argumentou.
Em tom de desabafo, Mônica encerrou sua fala com uma citação que provocou murmúrios no plenário:
“O direito tem que ser igual à garça — viver na lama, mas não se sujar. Foi por isso que busquei esclarecimentos, porque eu vivo na lama, mas não me sujo.”
A fala da parlamentar reforça o clima de divisão e desconfiança dentro da Câmara de Ipiaú, e reacende o debate sobre transparência nos gastos públicos e o papel da imprensa local na fiscalização do poder.
Enquanto isso, parte da população segue nas redes sociais cobrando explicações mais claras sobre a origem, o destino e a justificativa dessa compra de alimentos com dinheiro público. * Redação Ipiaú TV