
Psicologia da Agressão: Advogada explica como o agressor manipula a mente da vítima
No podcast Cri Cri na Lata, da Ipiaú TV, a advogada ipiauense Maria Carmo discutiu um tema crucial: a psicologia por trás da violência doméstica e como os agressores manipulam suas vítimas. Durante a conversa com o apresentador Cristiano Quaresma, a advogada destacou que o agressor age com uma estratégia calculada, não apenas com a violência física.
“O agressor tem uma estratégia. Ele é bom de lábia, ele é tão sacana… Ele trabalha de uma maneira na mentalidade da mulher que faz com que ela se coloque em um lugar onde ela nunca esteve”, explicou a Drª Maria Carmo. Segundo ela, o agressor insere dúvidas na mente da vítima sobre sua própria identidade e capacidade. Frases como “ninguém vai te querer com filhos” ou “você acha que sua família vai te querer de volta?” são usadas para minar a autoconfiança da mulher.
Essa tática faz com que a vítima, mesmo tendo suporte, acredite que está sozinha e que o agressor é o único protetor e provedor. “Uma mentira contada mil vezes vira verdade”, pontuou a advogada, ressaltando que essa repetição constante de mentiras e desvalorizações abala o psicológico da mulher, tornando difícil para ela enxergar a realidade e buscar ajuda.
A Drª Maria Carmo enfatizou que as mulheres não permanecem em relacionamentos abusivos por quererem ou por “gostarem de apanhar”, como muitos, especialmente homens, costumam dizer. A permanência nessas relações é resultado de uma série de fatores, como dependência emocional e financeira, questões estruturais e, em muitos casos, a normalização da violência desde a infância, ao presenciar a mãe sendo agredida pelo pai.
A advogada também fez questão de desmistificar o ditado popular “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”. Ela defendeu que o combate à violência doméstica exige a intervenção da sociedade. “Isso não existe, a gente está falando de um crime. Então se mete a colher, sim, em briga de marido e mulher.”
O papel da advogada, nesses casos, é primeiramente acolher a vítima e restaurar sua autonomia. “Meu objetivo é acolher primeiramente essa mulher, e depois ela decide o que vai fazer”, afirmou a Drª Maria Carmo, destacando a importância de respeitar o tempo e a decisão da vítima, que muitas vezes está com o psicológico fragilizado após anos de manipulação.
Assista a entrevista completa no canal do YouTube @Cri Cri na lata.