
O que deveria ser um dia de esperança para a família de um menino de Ipiaú, que viajou mais de 200 km para um procedimento cirúrgico, transformou-se em uma espera angustiante e um relato de desrespeito. A jornada, que começou na manhã desta sexta-feira, 12 de setembro de 2025, culminou com a família e a criança de 1 ano, Asafe Miranda dos Santos, abandonados no relento, em frente a um hospital em Feira de Santana.
A reportagem do Ipiaú TV recebeu a denúncia de Tailane, tia da criança, que acompanhou o sobrinho até a Santa Casa de Misericórdia para uma cirurgia de orquidopexia unilateral, um procedimento para corrigir uma condição testicular. A documentação do paciente, emitida pela Secretaria de Saúde de Ipiaú, confirma o agendamento para a consulta cirúrgica na data de hoje, às 13h.
O problema, porém, surgiu logo na chegada, por volta das 10h da manhã. Segundo Tailane, a família foi informada pelo hospital que a unidade não atende crianças. Com a viagem perdida e o atendimento negado, eles entraram em contato com a regulação de Ipiaú, esperando uma solução. “Fomos informados que infelizmente não tinha como mandar um veículo para buscar a gente, pois a demanda de carro em Ipiaú estava grande e teríamos que esperar o motorista que nos trouxe chegar de Salvador”, relatou Tailane, indignada.
Enquanto a família esperava na porta do hospital, o tempo passava. O motorista que deveria buscá-los estava em uma missão em Salvador e, segundo ele, não tinha previsão de retorno. O relógio bateu 19h e a família continuava na rua, com fome e em condições precárias. “Vamos ficar aqui na porta de um hospital até que horas? Com uma criança de 1 ano, o hospital fechado, no relento e com fome. Isso é uma falta de respeito com as pessoas. Saímos de longe para não ter o atendimento da criança”, desabafou a tia.
Versão da Secretaria Municipal de Saúde

Após a denúncia, o Ipiaú TV entrou em contato com a Secretária Municipal de Saúde, Keila Maia Cardoso. Ela se defendeu, informando que a marcação do procedimento foi feita pelo próprio hospital, que emitiu o encaminhamento de cirurgias eletivas. A secretária ressaltou que o paciente só é enviado para atendimento com a marcação já agendada e confirmada.
A secretária ainda informou que o veículo da Saúde de Ipiaú, que estava em Salvador, iria buscar a família de Asafe na volta, passando por Feira de Santana. Segundo ela, o motorista já havia entrado em contato com eles.
Enquanto a Secretaria de Saúde de Ipiaú afirma que a responsabilidade foi do hospital, a família clama por mais atenção e cuidado. “É uma situação de negligência e de total descaso com a vida humana. A gente não pode sair da nossa cidade, com uma criança doente, para ser deixado desse jeito”, concluiu a tia, com a voz embargada. A saga da família de Asafe em Feira de Santana serve como um alerta para a fragilidade e os desafios enfrentados por pacientes que dependem do sistema público de saúde. * Redação Ipiaú TV