
ITAGIBÁ, BAHIA — Uma complexa apuração foi iniciada em diversos municípios da Bahia após a apresentação de uma denúncia formal que aponta para supostos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e desvio de verbas públicas. O foco da investigação envolve a relação contratual entre a empresa ENGENHAR PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS EIRELI e diversas prefeituras baianas, com a Prefeitura Municipal de Itagibá no centro das atenções. O prejuízo preliminar alegado na comunicação às autoridades ultrapassa a marca de R$10 milhões.
A denúncia foi protocolada em 31 de outubro de 2025, por Hugo Ricardo dos Santos, bacharel em direito, morador do distrito de Japumerim, Protocolo: 2025.10.31.201126.506, sendo recebida pela Delegacia de Polícia Federal em Ilhéus (DPF/ILS/BA), com a área de atuação definida como “Desvio de Recursos Públicos” e a ocorrência principal classificada como “Fraudes em licitações”. É crucial destacar que a pessoa ou grupo que reuniu as informações e levou o caso ao conhecimento das autoridades atuou como comunicante. A partir deste protocolo, a responsabilidade legal pela condução do inquérito é exclusiva da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, Número da manifestação: 20250078780, cabendo a esses órgãos a coleta, a análise e a comprovação (ou refutação) dos fatos, bem como o eventual oferecimento de denúncia à Justiça.
A documentação entregue às autoridades concentra atenção nos contratos firmados em Itagibá, sob a gestão do prefeito Marcos Valério Barreto. Documentos de empenho do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA) anexados à denúncia detalham uma relação financeira contínua com a ENGENHAR EIRELI entre os anos de 2021 e 2025. Os extratos indicam múltiplos empenhos que se repetem anualmente, envolvendo órgãos como a Secretaria Municipal de Infraestrutura e os Fundos Municipais de Educação e Saúde, com valores recorrentes na faixa de R$34 mil a R$57 mil por empenho, em diversos exercícios. A recorrência e o volume desses contratos com a empresa agora suspeita serão objeto de auditoria e investigação pelas autoridades competentes.

Um dos pontos mais sensíveis da denúncia refere-se ao suposto uso da máquina pública para fins eleitorais e contratuais. Segundo as alegações, no período eleitoral que reconduziu ou elegeu a atual gestão do prefeito Marcos Valério Barreto, o número de contratos temporários teria apresentado um aumento exponencial, saltando de cerca de 150 pessoas para quase 1.000 (mil). Este aumento de mais de 900% é apresentado como um forte indício de desvio de finalidade. A denúncia alega ainda que estes contratos temporários eram caracterizados por irregularidades que configuram, na visão do comunicante, fraude contratual e fraude eleitoral. As supostas irregularidades mencionadas incluem a falta do pagamento de um salário mínimo, o não cumprimento da carga horária estabelecida e a ausência de funções específicas para os contratados. Tais alegações levantam a suspeita de que os cargos teriam sido utilizados para cooptar funcionários com fins eleitoreiros, desviando-se da finalidade pública e impactando o pleito. A Polícia Federal e o MPF darão prosseguimento às investigações para apurar se os crimes de desvio de verbas, formação de quadrilha e as supostas fraudes eleitorais e contratuais se confirmam, garantindo o direito de defesa dos envolvidos no processo legal.
NOTA: Todos os dados sobre contratos e empenhos da Prefeitura Municipal de Itagibá com a empresa ENGENHAR PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS EIRELI, citados nesta reportagem, são provenientes de documentos oficiais de consulta pública do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA). Estes documentos foram anexados à denúncia protocolada junto às autoridades e estão disponíveis para consulta nos links abaixo.
2021 ENGENHAR Prefeitura Municipal de ITAGIBA
2022 ENGENHAR Prefeitura Municipal de ITAGIBA
2023 ENGENHAR Prefeitura Municipal de ITAGIBA
2024 ENGENHAR Prefeitura Municipal de ITAGIBA
2025 ENGENHAR Prefeitura Municipal de ITAGIBA