
O novo Censo Demográfico 2022 do IBGE revelou um dado preocupante sobre a realidade econômica de Ipiaú. O município registrou um rendimento médio mensal domiciliar per capita de apenas R$ 970,31. Embora o valor esteja tecnicamente acima da linha de pobreza definida pelo Banco Mundial (R$ 636), o número evidencia uma situação de vulnerabilidade econômica e social que atinge a maior parte da população.
Na prática, a renda média per capita significa que muitos lares ipiauenses sobrevivem com recursos insuficientes para cobrir despesas básicas como alimentação, transporte, energia e moradia. O dado se torna ainda mais alarmante quando comparado ao custo de vida crescente e à falta de oportunidades de trabalho formal na região. Em diversas famílias, um único salário mínimo é dividido entre três ou mais pessoas, o que explica o sentimento de estagnação econômica e o aumento da desigualdade social.
Apesar dessa realidade, o município segue destinando cifras milionárias a áreas de menor impacto social, como festas, eventos e publicidade institucional. Enquanto o poder público gasta alto com entretenimento e propaganda, milhares de famílias continuam enfrentando dificuldades para garantir o básico. O contraste entre os gastos da administração e a renda real da população reforça a percepção de que as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico e à geração de emprego não têm produzido resultados efetivos.
O cenário não é exclusivo de Ipiaú. Dados do IBGE mostram que a microrregião também enfrenta baixos níveis de renda. Jequié registrou rendimento médio mensal per capita de R$ 1.013,69, seguida por Ubaitaba (R$ 979,40), Ipiaú (R$ 970,31) e Itagibá (R$ 934,69). Nos municípios menores, a situação é ainda mais crítica: Barra do Rocha apresentou média de R$ 810,44, Ibirataia R$ 784,17, Jitaúna R$ 770,22, Ubatã R$ 768,37, Aurelino Leal R$ 745,63, Gongogi R$ 733,31 e Ibirapitanga R$ 671,17. Dos 11 municípios listados, apenas dois superaram a marca de mil reais.
A disparidade entre os números oficiais e a realidade vivida nas ruas evidencia o descompasso entre o discurso político e os resultados concretos. Embora a gestão municipal costume destacar obras, festas e eventos culturais como avanços, os dados do IBGE mostram que a qualidade de vida da população pouco evoluiu. Especialistas em economia regional apontam que a dependência excessiva do setor público, a falta de qualificação profissional e a ausência de investimentos em atividades produtivas sustentáveis contribuem para manter a economia local fragilizada.
A divulgação dos dados serve como um alerta. Ipiaú precisa de políticas públicas voltadas para o fortalecimento do trabalho, do empreendedorismo e da formação técnica. A renda média de R$ 970,31 não reflete o potencial econômico do município e tampouco o volume de recursos movimentados pela gestão pública. Sem planejamento e ações concretas de inclusão produtiva, a cidade corre o risco de permanecer presa a um ciclo de pobreza e dependência, enquanto o desenvolvimento real continua sendo apenas uma promessa distante. * Redação Ipiaú TV