
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o município de Ipiaú, no sudoeste da Bahia, vive um cenário de crescimento no número de empregos formais, mas com desafios relevantes no que diz respeito à estabilidade e permanência dos trabalhadores nas funções. Em 2025, Ipiaú encerrou o primeiro quadrimestre com 5.159 vínculos formais ativos. Nesse período, foram registradas 1.065 admissões e 916 desligamentos, o que resultou em um saldo positivo de 149 postos de trabalho. A Indústria e o Comércio foram os principais setores responsáveis por esse avanço. A Indústria, com 1.081 empregos, gerou um saldo de 113 vagas. Já o Comércio, que representa o maior número de postos formais da cidade (1.876 vínculos), teve um saldo de 84 novas vagas.

Apesar do crescimento, chama atenção a alta rotatividade no mercado de trabalho local. Segundo os dados, a média de rotatividade anual no município é de 49%, o que significa que a cada dois trabalhadores com carteira assinada, um é substituído no período de um ano. O setor da Construção Civil apresentou o maior índice de rotatividade, com 78%, seguido pelo Comércio (48%) e pelos Serviços (45%). Mesmo setores com saldo positivo, como a Indústria, também registraram rotatividade elevada (39%). Esse cenário de constante substituição de mão de obra pode indicar fragilidade na permanência dos vínculos empregatícios.

Outro fator que reforça essa instabilidade é o volume recorde de saques do seguro-desemprego. De janeiro a abril de 2025, foram sacados R$ 3,03 milhões no município — o maior valor já registrado para o período. O tempo médio de permanência dos trabalhadores nos empregos antes do desligamento é de 20,5 meses. A correlação entre alta rotatividade e crescimento nos saques do benefício é direta e aponta para a necessidade de estratégias que promovam maior permanência no mercado formal.
A distribuição dos empregos por setor também reforça a estrutura do mercado local. O Comércio representa 36% dos empregos formais, seguido pelos Serviços com 33% e pela Indústria com 21%. Agropecuária (5%) e Construção Civil (4%) completam o quadro. Há ainda uma predominância de vínculos ligados ao setor público, especialmente entre os postos formais de serviços, com estimativas que superam 80% da força de trabalho dessa área.

Paralelamente, os indicadores socioeconômicos de Ipiaú trazem um retrato de vulnerabilidade. Segundo o IBGE, a cidade tem um PIB per capita de R$ 12.373,92 por ano, um IDH de 0,67 e apenas 17,3% da população economicamente ativa com vínculo formal. A maioria da população sobrevive com rendimento mensal per capita de até meio salário mínimo, o que acentua a importância de políticas públicas que incentivem a qualificação profissional, a geração de empregos de qualidade e o estímulo à permanência dos trabalhadores nos postos ocupados.
O cenário de Ipiaú em 2025 apresenta avanços na geração de empregos, mas também expõe uma dinâmica de mercado que exige atenção. O crescimento, embora positivo, precisa vir acompanhado de estratégias que reduzam a rotatividade e garantam mais segurança ao trabalhador, contribuindo para um ambiente de trabalho mais estável e produtivo. * Redação Ipiaú TV