
Em uma escuta realizada pela equipe do Ipiaú TV junto a funcionários da Casa do Menor, surgiram relatos emocionados e preocupações sobre o processo de municipalização da instituição, iniciado recentemente pela gestão municipal. Os trabalhadores demonstraram sentimentos de insegurança, frustração e tristeza diante das mudanças anunciadas.
Segundo os relatos, a informação de que permaneceriam nos cargos somente até o próximo dia 13 de julho foi comunicada em reunião realizada no último dia 1º. De acordo com a prefeitura, a medida estaria baseada em uma recomendação do Ministério Público. No entanto, alguns colaboradores afirmam que, em um encontro anterior, a promotora responsável teria indicado não haver impedimentos à permanência dos atuais funcionários — o que gerou questionamentos quanto à real motivação da decisão.
A transição teve início, conforme informado, em fevereiro, quando a prefeita e a secretária de Ação Social estiveram na unidade. Ainda segundo os funcionários, ambas garantiram que não haveria prejuízos aos trabalhadores durante o processo de municipalização. No entanto, após essa visita inicial, os servidores relatam não terem recebido retorno ou acompanhamento por parte da gestão.
A Casa do Menor conta com colaboradores com longos históricos de atuação, alguns com até 37 anos de serviços prestados. Muitos participaram de uma recente seleção promovida pela prefeitura, mas não foram aprovados. Apenas uma servidora teria sido mantida após o processo. O clima entre os trabalhadores é de desamparo. “Teve gente que saiu chorando. Somos pais e mães de família, temos contas, temos filhos. É uma tristeza imensa”, relatou uma funcionária.
Durante as conversas, também foram mencionadas experiências anteriores com outras gestões municipais. Os entrevistados destacaram que, em administrações passadas, o vínculo com os funcionários da instituição foi mantido. Uma das referências foi à ex-prefeita Maria, que, segundo os relatos, teria recusado propostas de municipalização por entender a importância da continuidade no atendimento e no vínculo profissional. “Ela dava um jeito, não nos deixava desamparados”, relembra um dos entrevistados.
Além do risco de desligamento, os trabalhadores apontaram atrasos no pagamento de salários referentes aos meses de janeiro e fevereiro, bem como direitos trabalhistas pendentes, como férias vencidas. Também foi mencionada a existência de denúncias anônimas contra alguns servidores, que, segundo afirmam, não teriam sido devidamente apuradas antes da tomada de decisão. “Se havia suspeitas, por que não se investigou antes?”, questionou um colaborador.
Diante do cenário, os funcionários pretendem buscar apoio junto ao Ministério Público e à sociedade civil. “O que está em jogo são famílias, vidas, uma história construída com dedicação. Precisamos de empatia e justiça”, concluiu uma das pessoas ouvidas.
O que diz a Secretaria de Assistência Social
A secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SEMAS), Rebeca Almeida Cancio Oliveira, respondeu à solicitação do Ipiaú TV e esclareceu os pontos levantados na reportagem.
“A gestão atual está operando em conformidade com as orientações do Ministério Público, visando aprimorar a garantia dos direitos das crianças e adolescentes. Estamos em um processo de transição para a execução direta de serviços, o que representa uma mudança significativa em relação ao modelo de execução indireta anteriormente praticado.”
Segundo a secretária, a nova equipe está passando por capacitação intensiva, e a administração municipal assegura que não haverá desamparo à equipe anterior.
“Informamos previamente que todos os membros da equipe anterior permanecerão recebendo seus vencimentos até que todo o trâmite de transição seja finalizado. Este período inclui a rescisão contratual e os respectivos prazos legais, garantindo que todos sejam devidamente amparados durante essa fase.”
Ainda segundo Rebeca, a gestão está aberta ao diálogo:
“Caso queiram uma reunião para maiores esclarecimentos, estamos à disposição. A gestão só tem feito melhorias, uma vez que a atual Casa do Menor vinha sendo alvo de ataques constantes pela forma como estava sendo executado o serviço e pelo próprio espaço físico.” * Redação Ipiaú TV