
O ex-prefeito de Piraí do Norte, Ulysses Veiga, voltou ao centro das atenções após admitir, durante entrevista à rádio Litoral FM, que pretende anular a votação da Câmara de Vereadores que rejeitou suas contas do exercício de 2022, realizada na última terça-feira (16). A declaração, no entanto, soou menos como uma defesa técnica e mais como uma tentativa clara de reverter um revés político sofrido no Legislativo municipal.
Durante a entrevista, Ulysses alegou que a Câmara não o teria informado previamente sobre a votação, o que, segundo ele, teria impedido o exercício do direito de defesa. O ex-prefeito também questionou a legalidade da sessão, afirmando que a votação não poderia ter ocorrido em razão da cassação, no dia anterior, dos mandatos dos vereadores Diego da Juliana e Betinho do Caminhão, ambos do União Brasil. Ainda assim, o argumento levanta controvérsias, já que a sessão foi conduzida com base na composição oficial da Casa naquele momento.
O que chama atenção, porém, é que o próprio pronunciamento de Ulysses deixa claro o objetivo político por trás da tentativa de anulação. Ao buscar invalidar a votação, o ex-prefeito pretende empurrar a análise das contas para o próximo ano, quando a Câmara contará com novos vereadores que substituirão os parlamentares cassados — nomes que, coincidentemente, integram sua base política, o que aumentaria significativamente suas chances de obter um resultado favorável.
Entretanto, mesmo que a estratégia prospere e a votação venha a ser anulada, há um ponto incontornável que enfraquece o discurso do ex-prefeito: o Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM) já analisou as contas de 2022 e emitiu parecer pela rejeição, encaminhando a decisão à Câmara para apreciação final. Ou seja, a rejeição não surgiu de forma aleatória ou política, mas respaldada por um órgão técnico de controle. Diante disso, a tentativa de reverter o resultado soa mais como uma manobra para contornar um parecer desfavorável do que como uma legítima busca por justiça ou transparência.