
Jequié, Bahia – A Câmara Municipal de Jequié concede, na próxima sexta-feira (19/12), às 9h30, o título de Cidadão Jequieense ao senador Angelo Coronel (PSD), em uma sessão especial proposta pelo presidente do Legislativo, vereador Emanuel Campos – Tinho (PDT). A homenagem, porém, ocorre em um momento político sensível, marcado por intensos rumores de rearranjos na base do governo estadual e pela disputa antecipada por espaço na chapa majoritária de 2026.
Nos bastidores, a presença de Coronel em Jequié é vista muito além de um ato simbólico. O senador, considerado uma das lideranças mais influentes do PSD na Bahia, vive um período de incertezas quanto à sua permanência no núcleo duro do projeto governista liderado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT). A discussão sobre uma possível chapa “puro-sangue”, formada exclusivamente por nomes do PT, como Jerônimo, Jaques Wagner e Rui Costa, levanta dúvidas sobre o espaço reservado aos aliados.
A expectativa é de que o evento reúna outras figuras centrais do cenário político regional, a exemplo do prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), outro nome frequentemente citado em articulações para 2026. Apesar de atualmente alinhado ao governo estadual, Cocá passou por um período de afastamento do PT e, mesmo com a reaproximação, segue sendo observado como um ator político de difícil enquadramento em projetos de longo prazo.
Enquanto isso, Angelo Coronel enfrenta um duplo desafio: garantir viabilidade eleitoral para a reeleição ao Senado e, ao mesmo tempo, evitar ser descartado em uma reorganização da chapa governista. Embora aliados minimizem os riscos, cresce a percepção de que o senador precisará mais do que capital político para se manter no jogo.
Entre as hipóteses ventiladas nos corredores da política está a possibilidade de o PSD pleitear a vaga de vice-governador, hoje ocupada por Geraldo Júnior (MDB). Nesse cenário, o nome do deputado federal Diego Coronel, filho do senador, surge como alternativa, enquanto Angelo disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados. A manobra, no entanto, poderia abrir um novo flanco de tensão com o MDB, especialmente com os irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima, que resistem a qualquer mudança na atual composição da chapa.
Apesar das declarações públicas em defesa da unidade, lideranças do PT admitem, de forma reservada, que o equilíbrio da base aliada passa por negociações delicadas. Angelo Coronel, que integra o grupo político do senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, segue no centro dessas conversas. Otto, vale lembrar, já teve o filho, Ottinho, indicado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), em um movimento avalizado pelo governador Jerônimo Rodrigues, fato que reforça a leitura de que alianças são construídas, mas também cobradas.
Nesse contexto, a homenagem em Jequié ganha contornos que extrapolam o reconhecimento institucional. Para aliados e adversários, o gesto pode ser interpretado como demonstração de força política ou, para outros, como um recado silencioso em meio a uma disputa que ainda não veio a público, mas que já movimenta intensamente os bastidores do poder na Bahia. * Redação Ipiaú TV