
O governador Jerônimo Rodrigues encaminhou à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) a indicação do deputado federal Otto Alencar Filho (PSD) para ocupar a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA). O cargo estava aberto desde julho, após a aposentadoria do conselheiro Antônio Honorato de Castro Neto.
A mensagem do Executivo já está em análise pelos parlamentares e, caso a indicação seja aprovada pelo plenário da Alba, Otto Alencar Filho deixará a Câmara dos Deputados. Com isso, seu suplente, o ex-prefeito de Guanambi Charles Fernandes (PSD), assumirá o mandato em Brasília.
A escolha repercutiu no meio político por representar, pela segunda vez no atual governo, a indicação de um nome com vínculo familiar direto com um aliado histórico do grupo governista para ocupar uma Corte de Contas.
Logo no início da gestão, Jerônimo já havia provocado debates semelhantes ao escolher Aline Peixoto — ex-primeira-dama da Bahia e esposa do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) — para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Agora, a indicação de Otto Alencar Filho, herdeiro político do senador Otto Alencar (PSD), reacende discussões sobre critérios e influência político-familiar nos tribunais de fiscalização.
A indicação segue o rito regimental da Assembleia: análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sabatina do indicado e posterior votação no plenário. A expectativa é de que o processo avance rapidamente devido à base governista ampla no Legislativo estadual.
Se aprovado, Otto Alencar Filho passará a integrar o TCE-BA, órgão responsável por fiscalizar contas, contratos e a aplicação de recursos públicos do governo baiano, em uma função vitalícia.
Além de alterar a composição da Corte, a nomeação também reorganiza peças do cenário político baiano. A ascensão de Charles Fernandes à Câmara tende a fortalecer o PSD na bancada federal, enquanto a escolha de Jerônimo reforça a proximidade do governador com líderes do partido.
Críticos, porém, apontam que a repetição de indicações envolvendo familiares de figuras influentes consolida um padrão que merece maior escrutínio público, especialmente se tratando de órgãos responsáveis pelo controle e fiscalização do próprio governo.