O urbanista ipiauense arq. Elson Andrade, nos traz desta edição uma visão crítica sobre o desempenho das universidades brasileiras, em especial, as baianas e da Uneb em Ipiaú-BA. Confira!

Análise Crítica: O Retrato do Ranking Universitário Folha de SP 2025
O Ranking Universitário Folha de SP (RUF) 2025, ao ser divulgado, reacende o debate sobre a qualidade versus os altos gastos do ensino superior brasileiro, mas o faz com um espelho que reflete as desigualdades históricas do país. A manutenção da Universidade de São Paulo (USP) e da Unicamp (SP) no topo nacional não é uma surpresa, mas sim a confirmação da concentração de recursos, instalações, dos melhores professores e alunos, consequência do interesse e finalidade mutual comercial, além da excelência nas universidades públicas do eixo Sudeste.
O domínio paulista nos coloca diante de uma crítica fundamental: o ranking, por sua própria metodologia, premia instituições com maior capacidade de Pesquisa e maior orçamento, perpetuando um ciclo de excelência que é praticamente inalcançável para as federais e estaduais de regiões com menor investimento. A USP, líder em Pesquisa e Mercado, é um gigante que compete em uma liga à parte, deixando pouco espaço para a ascensão de instituições emergentes. Por outro lado, isso traz um outro viés, que é o interesse dos alunos, dado a utilidade comercial do aprendizado. Infelizmente, o nordeste em geral, tem vivido um processo de reboque financeiro da sua economia, situação-modelo agravada ainda mais, nos pequenos municípios sul baianos, onde as prefeituras consomem recursos exorbitantes em festas populares, de viés eleitoreira, como as Festas Juninas e do Dia do Evangélico; em detrimento da implantação de políticas públicas perenes (verdadeiras PPPs) voltadas ao desenvolvimento local. A economia baiana hoje é essencialmente consumista, demasiadamente apoiada no assistencialismo federal, e não necessariamente produtora de bens e serviços locais.
Nacionais:

A Bahiado Oxímoro: Uma Ilha de Excelência em um Mar de Desafios
No Nordeste, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) se mantém isoladamente como um farol de excelência, ocupando a 14ª posição nacional. Seu desempenho consiste, sobretudo em Pesquisa, atesta o esforço de seus pesquisadores e a importância da sua produção científica. Contudo, as estaduais baianas, seguem na lanterna, como a UEFS (67ª), a UESC (71ª) e a Uneb (75ª), apresentam notas gerais significativamente mais baixas, evidenciando a disparidade de desempenho e recursos, entre as esferas federal e estadual, e o desafio da interiorização do ensino de qualidade, útil.
Dados da Evolução do Ensino Superior no Brasil de 2014 a 2024:

É crucial notar que, embora penalizada na nota geral, a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com a presença em Ipiaú-BA, demonstra um ponto de força vital: a 26ª colocação no indicador de Mercado. Este dado sugere que, apesar das dificuldades em Pesquisa (126ª), o diploma da Uneb ainda tem uma certautilidade junto aos empregadores, em especial as prefeituras da região, absorvendo os professores e servidores públicos, que a utilizam para ascensão na folha de pagamento destas instituições, predominantemente políticas. Esse desempenho isolado aponta para um sucesso de ascensãopessoal, mas também denuncia a falha do ranking em capturar o impacto socialreal, e a relevância das universidades, no desenvolvimento local como um todo, que não priorizam a formação de mão de obra e a extensão em detrimento da pesquisa de ponta.
Ranking Bahia:

O Que o RUF Não Conta
O RUF 2025, portanto, oferece uma fotografia do status quo. Ele é uma ferramenta útil para quem busca a elite da pesquisa, mas é limitado ao avaliar o papel das universidades no desenvolvimento regional e social.
As instituições do interior, como a Uneb, são responsáveis por ter a missão essencial de levar o ensino superior a locais com menor desenvolvimento. Ao serem avaliadas primariamente por métricas de internacionalização (onde a Uneb está em 151º) ou por volume de pesquisa, as estaduais são notadamente rebaixadas.

A crítica final é que, para um país de dimensões continentais e desigualdades gritantes, precisamos de rankings que valorizem tanto a excelência global da USP quanto o impacto local e social das universidades interioranas que possam de fato cumprir o papel capazde transformar a realidade socioeconômica de cidades como Ipiaú. O RUF nos mostra quem tem mais recursos, mas não necessariamente quem faz a maior diferença na vida de seus estudantes e comunidades. Dados importantes para avaliarmos o real retorno que estas universidades tenham de fato gerado no Desenvolvimento Socioeconômico do interior do Brasil. Haja vista, a real conversão da quantidade de matrículas em canudos de diplomados que chega a menos de 4 para 1.
Pontuação Ipiaú-BA:

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Elson Andrade –é arquiteto, urbanista, empresário e pós graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp.