
OInstituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou, em 22 de setembro, os resultados do Censo da Educação Superior 2024. Os dados estão disponíveis no portal do Instituto.
De acordo com a pesquisa estatística, o Brasil alcançou a marca de 10 milhões de estudantes no ensino superior em 2024. O presidente do Inep, Manuel Palacios, ressaltou que a expansão da oferta e da capacidade de atendimento do sistema é uma conquista positiva para o país: “Estamos com 10 milhões de estudantes, e essa é uma marca a comemorar. Uma parcela importante dessa população teve acesso à educação superior por meio de novas tecnologias. A educação a distância (EaD) proporcionou a ampliação da oferta e atendeu estudantes que, de outra forma, não teriam acesso à educação superior”, afirmou.
O número de matrículas na EaD, em 2024, corresponde a 50,7% do total de matrículas de graduação no país. Entre 2023 e 2024, o aumento foi de 5,6%.
Projeção – Palacios salientou que 2025 marcou um avanço importante para a avaliação da educação superior no Brasil, com a realização inédita de dois exames: o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) e da Prova Nacional Docente (PND).
“Essas iniciativas, junto com o Censo da Educação Superior, compõem um arcabouço fundamental para a regulação e a avaliação da educação superior no Brasil”, declarou Palacios.
Também em relação à avaliação da qualidade dos cursos, ele anunciou mudanças a partir de 2026. As condições de oferta de todos os cursos passarão a ser avaliadas anualmente e haverá a análise de polos presenciais, inicialmente por meio de estratégias amostrais.

Instituições – Segundo o censo, o país conta com 317 instituições públicas e 2.244 privadas. Entre as instituições públicas, 43,8% são estaduais (139), 38,5%, federais (122) e 17,7%, municipais (56). Além disso, o levantamento aponta que a maioria das universidades brasileiras é pública, representando 56,3% do total de universidades do país.
Os dados revelam, ainda, que, na média nacional, 33% dos concluintes do ensino médio em 2023 se matricularam na educação superior em 2024. “Isso significa que um em cada três jovens que concluem a etapa básica ingressa no ensino superior no ano seguinte”, destacou o diretor de Estatísticas Educacionais do Inep, Carlos Moreno.
A análise por rede de ensino, no entanto, revela que, na rede federal, 64% dos concluintes do ensino médio seguiram diretamente para a educação superior, proporção acima da média nacional. Já na rede estadual, que concentra a maior parte dos estudantes, o índice foi de 27%. Entre os alunos da rede privada, a taxa chegou a 60%, patamar próximo ao registrado pela rede federal.

Censo Superior – O Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Inep, é o instrumento de pesquisa mais completo do Brasil sobre as instituições de educação superior que ofertam cursos de graduação e sequenciais de formação específica.
O levantamento utiliza as informações do cadastro do Sistema e-MEC, em que são mantidos os registros de todas as instituições, seus cursos e locais de oferta. A partir desses registros, coletamos informações sobre a infraestrutura das instituições, vagas oferecidas, candidatos, matrículas, ingressantes, concluintes e docentes, nas diferentes formas de organização acadêmica e categoria administrativa.
Ineficiência Crônica: O Gargalo da Conclusão na Educação de Ipiaú e Região
Uma análise aprofundada dos dados educacionais de Ipiaú (BA) e do sistema de Ensino Superior em seu contexto mais amplo revela uma falha estrutural: o sistema é superavitário em atrair alunos, mas profundamente ineficiente em formá-los e graduá-los. Essa ineficiência se manifesta de forma aguda tanto na Educação de Jovens e Adultos (EJA) quanto na escalada para o nível superior. E para agravar o caso, entre os graduados, o nível de aprendizado útil, capaz de lhe conferir alto desempenho no mercado de trabalho, tem sido cada vez mais questionado.
Mapa Com a Representação Gráfica Proporcional da Quantidade de Vagas na Região

O Alto Custo da Evasão no EJA
O programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Médio em Ipiaú exemplifica a baixa efetividade do investimento público.
- Matrículas Versus Conclusão: Para 397 matrículas no Ensino Médio EJA em 2024, houve apenas 72 concluintes. Essa disparidade sugere uma alta taxa de evasão e abandono, indicando que o programa tem falha percentual altíssima dos alunos, minando a sua missão social de elevar a escolaridade da população adulta.
- Custo por Resultado: O investimento de R$ 844.896,01da prefeitura de Ipiaú, em 2024, levanta questão acerca do resultado que teve um Custo Per Capita (por concluinte) de R$ 11.734,67. Esse valor, sendo o custo para que um único aluno finalize o Ensino Médio, demonstra que a ineficiência do processo de retenção gera um alto custo por resultado final, comprometendo a alocação de recursos em um município pobre com PIB per capita modesto. Lembrando que o programa EJA, foi terceirizado pela prefeitura.

A Ilusão da Expansão no Ensino Superior da Região
A expansão do Ensino Superior em 14 anos, na região (vide mapa acima) documentada entre 2010 e 2024, revela uma expansão quantitativa que não se traduz em formação efetiva, de qualidade.
O sistema (regional) dobrou a capacidade da infraestrutura e a oferta:
- Número de Instituições de Ensino Superior (IES) subiu de 26 para 60.
- Oferta de Cursos cresceu de 211 para 1.474.
- O número de Ingressos quase dobrou (de 8.611 para 17.494).

Contudo, a principal métrica de efetividade apresenta um crescimento pífio:
O aumento de apenas 17,6% no número de concluintes ao longo de 14 anos, enquanto o número de ingressos quase dobrou, sugere que a massiva expansão de IES e cursos apenas serviu para alimentar uma elevada e persistente taxa de evasão, o que corresponde a apenas uma taxa incremental de 1,16% ao ano.
Eficiência Deslocada para Ipiaú e Região

A crítica central é que o sistema educacional, do EJA de do Ensino Superior na região, é superavitário na “entrada” (captação de matrículas e expansão da oferta), mas inefetivo e ineficiente na “saída” (retenção, conclusão e obtenção de diplomas). Em um contexto regional socioeconomicamente limitado como Ipiaú, a falta de efetividade do gasto em educação é um fator que perpetua as desigualdades, ao consumir um volume muito alto de recursos (desproporcionais) sem entregar o retorno esperado em capital humano qualificado. O caso mãos grave ainda se registra na secretaria de educação municipal, que só em 2025, pretende consumir cerca de R$ 90 milhões e alocar cerca de 400 professores, para um número de matrículas que nos últimos anos, já chegou a cair 50%.

Taxa de Conclusão de Curso Ensino Superior Ipiaú-BA Por Ano de Estudo (2024)
O foco da gestão pública deve, portanto, migrar da simples expansão da oferta para a qualidade pedagógica e o suporte ao estudante, visando reduzir a evasão e aumentar o número de concluintes em todas as etapas de ensino. Mas, mais que isso, o que mais importa de verdade, é direcionar essa montanha de recurso para aquilo que possar ser útil ao desenvolvimento efetivo da sociedade, que é quem por fim e ao cabo, está pagando por essa brincadeira, a qual muitos políticos se gabam e cospem sobre seus eleitores tais números devidamente filtrados e adequados aos seus discursos e narrativas.

Eficiência dos Cursos e Matrículas do Ensino Superior em Ipiaú-BA