
O presidente americano Donald Trump afirmou nesta segunda-feira, 26, que vai considerar taxar países que dificultam a operação de big techs americanas em seus territórios. A declaração de Trump foi feita pela sua rede social, dizendo que a medida visa defender o patrimônio americano. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não vai aceitar a ação.
Na publicação desta segunda, o presidente americano afirmou que tem como dever proteger as empresas americanas de outros países do mundo que queiram prejudicar a economia do país por meio das big techs. As gigantes de tecnologia têm sido grandes aliadas do governo Trump desde o começo de seu mandato.
”Como presidente dos Estados Unidos, enfrentarei os países que atacam nossas incríveis empresas de tecnologia americanas. Impostos digitais, legislação sobre serviços digitais e regulamentações dos mercados digitais são todos projetados para prejudicar ou discriminar a tecnologia americana”, afirmou Trump pelo Truth Social. Os Estados Unidos e as empresas de tecnologia americanas não são mais o “cofrinho” nem o “capacho” do mundo. Mostrem respeito pelos Estados Unidos e nossas incríveis empresas de tecnologia ou considerem as consequências.
Em resposta a um possível aumento da taxação no Brasil, o presidente Lula disse que o país não vai aceitar a imposição de regras de big techs que não estiverem de acordo com a legislação brasileira, citando a soberania nacional diante das empresas americanas.
”Para nós, as big techs são um patrimônio, mas não são nosso patrimônio. Somos um país soberano, temos constituição, temos legislação. Quem quiser entrar nesse território terá que prestar conta”, disse o presidente brasileiro durante uma reunião ministerial.
Embora Trump não tenha mencionado países específicos, seus comentários foram interpretados como uma ameaça às regras digitais da União Europeia para controlar empresas como Google, Apple e Meta. O Brasil também é um dos países na mira do presidente americano. ”O que não estamos dispostos é sermos tratados como se fôssemos subalternos. Isso nós não aceitamos de ninguém”, apontou Lula ainda na reunião ministerial.
‘Perseguição’ à UE
A União Europeia, composta por 27 nações, reprimiu as grandes empresas de tecnologia com regras abrangentes. A Lei de Serviços Digitais do bloco visa limpar as redes sociais e plataformas online, e sua Lei de Mercados Digitais foi projetada para impedir monopólios digitais, sob ameaça de multas pesadas por violações.
Alguns países da UE, como França, Itália e Espanha, têm um imposto sobre serviços digitais, assim como a Grã-Bretanha. O governo Trump tem desprezado as regulamentações tecnológicas da UE, e as empresas de tecnologia já se irritam com as regras, levando a uma ”caça as bruxas” da parte da administração americana.
Trump também reclamou que as grandes empresas de tecnologia chinesas têm ”total isenção” das regras. ”Isso precisa acabar”, disse ele, prometendo que, ”a menos que essas ações discriminatórias sejam removidas”, ele ”imporá tarifas adicionais substanciais” sobre as exportações do país infrator para os EUA e também “instituirá restrições à exportação de nossa tecnologia e chips altamente protegidos”.
A Comissão Executiva da UE reagiu. ”É um direito soberano da UE e de seus Estados-membros regulamentar as atividades econômicas em nosso território, o que é consistente com nossos valores democráticos”, disse o porta-voz da Comissão, Paulo Pinho, em uma coletiva de imprensa regular.
A última ressalva de Trump vem uma semana depois que Washington e Bruxelas divulgaram uma declaração conjunta sobre seu acordo comercial que incluía a promessa de “abordar barreiras comerciais digitais injustificadas”.
Em junho, Trump ameaçou suspender as negociações comerciais com o Canadá, forçando o primeiro-ministro Mark Carney a abandonar o plano de Ottawa de impor um imposto sobre serviços digitais às empresas de tecnologia.
*Estadão